31 agosto 2008

ser_morto_ser_bom_ser_mal_ser_doce

às vezes quero morrer
só pra ver as pessoas sofrerem por mim
pra saber o quanto sou importante realmente
pra ver quem choraria no velório
mas ai lembro que morto, não vê, não sabe...
quando penso nisso,
lembro que comer alguma coisa doce sempre resolve.
às vezes quero me fazer de santinho
e mostrar pra todo mundo que eu sou bom
bonzinho demais
irritantemente bonzinho demais
muito mesmo
mas ai não sei...
fica chato ser bonzinho demais
assim como é chato ser morto.
[ainda que isso seja puramente presunção]
às vezes quero ser ruim
malvado, maldoso, terrível
gente... não dá
é chato ser mal
gosto mais de comer sonho de padaria
e pensar que o gesto assim como está é bem melhor do que o do morto
e gosto de saber que não sou bonzinho demais
[apesar de poder ser irritante]
e que também não sou mal
[...]
mesmo quando não tenho nada pra escrever
e vomito palavras meio mortas com cara de boazinhas
tentando ser malvadas,
mas que acabam sendo doces
[feito sonho (de padaria)]

06 agosto 2008

o_perfume_da_maria

Encontrei Maria
E Maria ria quando dizia
Que sua casa perfumada
Perfumava mais que a da vizinha
Então Maria ineditamente mente
Mente em forma displicente
Contorce estórias retorcidas
Contando contos da carochinha
De certo que Maria então vivia
Em casa, de vero, perfumada
Maria fumava, passava, entornava
Maria alisava, escorria, acendia
Maria, que em tudo que há perfumava
Onde tudo era perfume, em casa de Maria

de_quando_vi_maria

Percebi Maria
Maria que me inspira
Maria que me diverte
Em mim Maria que arrepia
Me inspiro com Maria, como o tempo
Maria é o doce do lamento
Percebi quando vi Maria andar no vento
E então Maria não saiu do pensamento
Inspirei Maria, fiz cada linha com seu nome
Diverti Maria, em meio a seu lamento insone
Arrepiei de novo ao ver Maria contra o vento

imagens_do_arraial_imaginário

Bolhas voavam sobre o tapete
Contra o vento o fogo ardia na fogueira
Crianças dançavam por entre as bolhas
E por entre as crianças dançava o vento
Olhei crianças queimando vivas
Com bolhas nascendo por todo o corpo
Cabelos enrolam, correndo do fogo
E os gritos ardiam queimando o tempo todo
Saí sentindo o cheiro da carne queimada
E em meu rosto senti o apelo do vento
O tapete, inexato, pairava em descanso
E as bolhas dançavam no meu pensamento