13 abril 2007

intermináveis segundos_crônica

ela se afastava apreensiva, tentava não ultrapassar suas
expectativas, nem tirar conclusões precipitadas. ela tentava.
agora ela corria, apesar de que sentia-se tão estável como
uma rocha, aos que a viam, era uma mulher comum, parada, "será?"
ela pensava.
seria ela mesma se não estivesse ali, olhando, mas... ela
estava? não estivera correndo? afastando-se?
mantivera-se pensando... ou não? parecia tudo agora muito
confuso, suas partes de antes, que de tão estáveis harmonizavam-na,
agora oscilavam como papéis sob o efeito do vento, embaralhando-a.
tudo muito confuso, demasiado confuso.
dúvidas surgiam, inundavam-na, deveria?... não deveria?
tratou de optar por se aquietar, reavaliando-a.
acabou percebendo que tudo aquilo não passara de um mísero
segundo tedioso no qual passara em frente a vitrine da confeitaria.
ela entrou, e não resistiu, comprou o doce. quebrou o
regime.