19 julho 2010

verniz

assino revista intelectualóide,
enquanto levanto meu chop lá perto dos 'brow'.
assumo postura apóstólica em verso de drummond
e não esquento de errar meu português e deixar pra depois.
cativo olhando o borrão do xerox dum miró
na capa do meu caderno feito à mão
e ouço convicto um concerto pra piano de chopin
no meu mp3 da liquidação.
finjo que entendo o balet do Bolshoi,
faço poses para fotos cult de photoshop,
entro na atmosfera dos fracos
e como petiscos na vernissage de fotos/emulação.
entro na conversa dos outros,
faço retrato do que eu já posso ser,
rio escondido das gafes de tudo
e conto estórias pra ninguém entender.

é questão de misturar o que é certo
com visão de gente que nunca pode mais ver.
será simples viver num só lado da estória
ou simplesmente deixar a história correr?