16 dezembro 2007

ínfimo_no_seu_completar


imprevisível ao ser cotidiano
perene ao me raptar das conclusões
solene ao me gabar de tanta cor
interminável ao ser pulsar de uma paixão

meu_potencial_silente


ao que nos une e nos contorna
e as duvidas que eu tenho e terei
à forças vindas e elevadas
à imagens findas que guardei

(para_Deus_

viagem_no_vagão_da_ilusão


letreiro que desprende a vista dum olhar imune, que esfrega-se no contato e na certeza de que o nada seria sempre um eterno vazio, quando no nada o novo se retornaria, pra que fosse eterno, de forma áspera como madeira bruta que vem pra ser talhada e faria de um novo sem rastros anteriores, sem traços de imitadores. da força abafada da imagem que enverga nas retinas, tornando o que era químico em ideal, para o eterno vagão que pressupõe as ideias, que mudarão um dia o mundo.

malucalidades_divisíveis


como o que parte o incerto do duvidoso
como o que se espia pra não se ver
são atos de fragmentações da mente materializados
em movimentos que o mundo um dia poderá prever

15 dezembro 2007

vertendo_neve

Seríamos duas partes de um mesmo
Se não fôssemos o todo
Enquanto havia a lástima
Combatemos por sermos "junto"
Sorrimos para eternizarmos instantes passados
Criamos por não poder mais contar
Andamos pelos lugares marcados

Como nomes gravados em árvores
Que somem no inverno passado
E que se mostra quando a neve verte

São mais que instantes
Ossos, toques e inverno
Que vai, que passa, que volta

apoio_

sem chá-das-cinco
ela disse sem cerimonia
sem saber dos seus amores
da sua lição
do que queriam que fossem
amargavam-lhe expressões afáveis
sugeriam lamentações desfeitas
conhecia desesperos instantâneos
e os dispunha em lampejos de oferendas
sem chá-das-cinco
ela dizia.

dia_13

/ um bom mensal, pra navalha que me corta
que rompe o que há muito foi ligado
e me fere concisamente com a falta de dor
fluem rubros vazantes de mim
nada que o fogo não trate
movo os pés lascivamente no ritmo do som
o danar se desprende do que seja eu
e um leve sal nas dores habitaria
se um revertério do dispautério
não se alinhasse com o mensal
da navalha que me corta /

leve_

levarei pra ti o meu melhor e o mais bonito
pra que um dia eu possa olhar pra trás
e saber que o que eu fiz nunca foi demais
nunca foi penoso e não se acabará
falarei as palavras mais leves aos teus ouvidos
e encantarei teus olhares com as mais belas vistas
cantarei pra ti minhas notas mais singelas
e sentirás meus toques mais infinitos
e pensarás teus planos definidos
e caberás em meu colo sem nenhum aflito
e sentirás o aroma do que sinto
e eternizará momentos desconhecidos
sentirei seus calafrios almejantes de desejo ardido
contarei, retornarei sem nunca ter saído
e os teus sentidos, nos meus sentidos
e a cada gota, sombra, onda ou calafrio
ficará guardado como uma palavra
daquelas que falei, que cantei ou pensei
daquelas que respirei, das que senti,
das que couberam em mim ou entre nós
e das que levei pra ti,
como o melhor e o mais bonito,
o mais bonito.

memórias_de_uma_tarde_(sozinho)_no_parque


ouço batuques enquanto escrevo, não queria escrever, mas por insegurança ou falta do que fazer eu rabisco minhas letras por elas me deixarem mais à vontade comigo mesmo e por estar sozinhoe os batuques param, retornam e eu escrevo bosta...

(composto no parque

pretexto_para_falar_de_mim



são só patos
sim, são só patos, eles compõe, de um em um
o conjunto do que vejo,
são novos, são velhos
são receitas de um futuro olhado,
a vida tranquila
e a alegria
de serem patos
e está estampada, as carinhas, seus bicos
o andar de lentidão cronica e ritmada
seus rabinhos,
balançando enquanto nadam,
a tranquilidade deles me acalma,
enquanto eu morro por dentro



(composto num passeio sozinho no parque


gravar do tudo a imagem que minhas retinas não podem ver depois
[egoísmo_de_nostalgias_posteriores]

(dia não-recordado
(de um passeio no parque

é lascivo, ter de ser oprimido
ter de ter um ouvido
e ouvir o 'dito' dos ofendidos
é lascivo,
laçar o vício
lançar dos olhos
lavar dos cílios
o 'dito' ofendido de meus olhos oprimidos


(àos que valem-se dele
(à mim, na questão

(melhor que ter de andar à pé
(melhor que viver no sertão

[foto_de_apetite/arte_eh_ter_fome]

malucalidades_temporais


perigas voltar ao perímetro um tempo não sóbrio
porém afinetável se o tentar não houver de se fazer
logrando ásperas palavras de um tempo que se passou
e não mais voltará
tornar-se-á o vício de si mesmo,
nas suas próprias malucalidades temporais
que não se acabarão...

09 dezembro 2007

essas_linhas

fiz algumas linhas
dedicadas a alguém que ainda não sei saber quem é
concentrando nelas a minha emoção de infância
que me faz ser mais feliz
e a minha impureza de um ser astuto
que me coloca mais à frente do que poderia ser
fiz linhas pensando no quanto seria importante pra mim escreve-las agora
e no que isso mudaria no decorrer da minha história
percebi que pouco elas, então, mudariam
e que mesmo sabendo eu continuava as redigindo
as fiz com carinho de choro espremido
deixando-as à vontade com elas mesmas e comigo
cavando de mim os poucos que não me faltam
pra que não me entregue a esforços indecisos
fiz algumas linhas
com palavras minhas juntas e descompostas, edificadas pra alguem entender
fiz com sinceridade, lembranças de um tempinho vago...
de ações de meninos, de mudanças constantes, fiz de lembranças,
fiz linhas de lembranças
como as que fiz de amargura e tristeza e que me chocam
fiz linhas como já fiz outras,
fiz pra alguem, como outras, como estas, como algumas
que memso que não saiba pra quem sejam, são feitas, estão feitas
como algumas, outras, estas,
fiz algumas linhas hoje...

12 outubro 2007

saudades_hipotéticamente_metafóricas


Pois é,
Hoje senti saudades de uma forma diferente
Não de físico
Mas de coisas que acontecem com a gente
Que já me deixaram muito e muito contente
E que hoje sumiram um pouco de mim
Senti saudade de uma forma indefinida
Sem saber ao certo como foi acontecida
Deixando-me sem saber como explicar enfim
Pois é,
Saudade de tempos que não voltam
Saudade sem saber como explicar
Saudades relativas e remotas
Saudade de ter alguém pra amar
Hipoteticamente melodramático
Pois é.

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passos_perdidos

Amanhecia na torta ruazinha sem saída
Por onde ainda bem cedo a velhinha caminhava
Seus passos curtos, tortos como vírgulas
Seguiam pelo caminha ainda enegrecido em retalhos
Eram lentos seus movimentos poucos
E brilhantes os olhos acima de um sorriso aparente
Colhia as flores no fim da viela
Aprovava as bonitas mostrando seus dentes
Era de muito, o tempo em que ela o fazia
Tornando-se parte da paisagem diária de rotina
Era dia após dia repetindo seus atos
Assim que a aurora abria a sua cortina
Depois de colhidas as flores iam para uma cesta
Onde mais tarde todas elas estariam preparadas
No correr do dia a velha então sumia
Retornava sorridente com a cesta decorada
A velha por décadas de flores vivia
Com todo o seu flair e talento com que as vendia
Hoje amanheceu na ruazinha sem saída
E a paisagem rotineira fora modificada
Passaram-se horas sem passar a velhinha
Depois de semanas, no fim da viela, flores mortificadas.

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16VERSOS [1poema_(2nomes)]

Dois_perdões [que_não_(ob)tive]

Chegou e nem mesmo eu vi
Parou, dançou e me reparou
Andei, cantei e me perdi
E então saí sem mil perdões

Mas quando eu não sei mais contar
Eu faço o tempo tentar me parar
As linhas que faço diminuem-se num vão
E fecho o verso com uma rima sem perdão


Duas_mentiras [de_que_não preciso]

Mentira dizer que tudo é tudo bem
Como se não fosse concluir sem fim
Como viver sem reclamar de alguém
Verdade não é sempre terminar assim

Mesmo quando o que surge não é suficiente
Isso pode fazer de alguém um alguém contente
E quando o dia não passar de sono vago
Mentira é ser eu sempre estressante

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Balada pralguém

Eu vôo,
Me faz amar
Ame o que em mim for banal e o que me faz chorar
Pra que tudo que eu falo venha me abalar
Eu corro,
Ande ao meu lado quando não mais te querer
Ame a mim e ao que te faz adormecer
Eu choro,
Cante quando a minha música ainda não se acabar
Ame tudo, ame nada daquilo que me fez chorar
Me cuide, eu volto,
Sem nunca ter saído de nenhum lugar
Quando tudo que nos mantêm é fazer lembrar
Então quando te abandonar
Eu vôo mais alto e longe pra te encontrar
Pra que um dia sem som-de-fundo
Eu poder te fazer chorar
Pra que tudo que fizemos possa se acabar
Eu ando,
Cometendo erros distantes e sem me julgar
Eu vôo mais alto e longe pra te encontrar
Me ame, me cuide,
Pra que o tempo dos descontentes possa se acabar
E do sorriso mais que contente eu possa enxergar
Eu amo, me move,
Eu vôo, distante...
Eu amo...

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19 agosto 2007


Hoje o sol nasceu como todos os outros dias
E amanha certamente nascerá como está hoje
Minha emoção me estima a vê-lo com mais brilho
Minha canção faz querer vê-lo a noite

Minha alma se faz de notas e canto
E por mais sons implora o meu amanhecer
O canto se faz presente em meu descanso
O som se torna vivo em meu anoitecer

Andei sozinho na noite da rua
Sem saber qual era o sentido de fazê-lo mais lentamente
Segui em frente e reto e ao léu e inconstante
Sem viver a escolher intenso a cada instante

Vivi catando as sobras de meus dons perdidos
Sem saber a hora que devia parar
Sofri tentando achar os meus sentidos
Sem saber a hora de chegar

Por mais causa a minha existência insiste
Por mais vida a minha carne então implora
Andei sozinho na rua da noite
E o final do caminho não mais se demora

Desde um dia que se abre claro
Ao romper silencioso de uma noite mansa
Escolhas, sentidos,
Minhas direções se distraem e me desmantelam
Minhas precipitações me tiram o norte
Desde o banido grito que não ecoa
À lágrima firme e doce que não me escoa
Memórias, grunhidos,
Minhas terminações não mais se transferem
Tiram-me a atenção de onde me mantinha distante
Minhas locomoções se contorcem em caminhos confrontantes
E me levam à lugares ínfimos e adotantes
Sonhos, afagos,
Deliro imagens densas e libertinas
Caminho em hipotéticas correntes fluentes em meus destroços
Minhas insígnias me remetem a visões de tirocínio
Fui colocado em indiscretos vãos metodológicos
Ar, mistério,
A vida num livro de capa dura e costuras mofadas
Entre e constante na passagem do tempo oscilante
Meus traços os fazem com forma, e de um todo ausentes
Por mais vida o viver grifa nos meus sonhos

18 agosto 2007

Soneto_de_uma_lástima


Anseio por respostas inexistentes
Caminho por sertões inexplorados
Sereno sentimentos explosivos
Acordo conclusões precipitadas

Momento almejantes dúvidas
Afago momentâneas culpas
Almejo duvidosas lástimas
Recebo as somas normalizadas

Diria se soubesse o que quero
Seria, assim o que eu mal espero
Sem alcançar o avesso de tal esmero

Assim ao menos dúvidas me restam
No qual digo-lhes: ânsias, serenas
Almejadas e caminhadas, que me esperam

Questão_[vil e vã]


Pensamentos alheios punham-se à entender
Hoje tal denota já não se pode fazer
Passado o tempo em que já se pode prever
Não mais é previsível, é mais fácil de poder
Universo milimétricamente programado
Junto em seus seguidores
Encalabuçados surdos vendados
São noites e dias rompidos atados
E tolos e tolos mais, sendo estocados
Esteriótipos sendo criados
Com cútis e vestiduras padronizadas
Madeixas à deixa, todos copiados
Os modos os lados e todos os fatos
E os poucos e loucos, sendo isolados
Poder-se-ia entender, mas de fazê-lo inventam o más
Entorpecem-se seguindo o que a vida trás
Embranquecendo a têmpora da vida vã
Apenas se atolam com que o mundo os faz

16VERSOS [1poema_(2nomes)]

Dois_perdões [que_não_(ob)tive]

Chegou e nem mesmo eu vi
Parou, dançou e me reparou
Andei, cantei e me perdi
E então saí sem mil perdões

Mas quando eu não sei mais contar
Eu faço o tempo tentar me parar
As linhas que faço diminuem-se num vão
E fecho o verso com uma rima sem perdão

Duas_mentiras [de_que_não preciso]

Mentira dizer que tudo é tudo bem
Como se não fosse concluir sem fim
Como viver sem reclamar de alguém
Verdade não é sempre terminar assim

Mesmo quando o que surge não é suficiente
Isso pode fazer de alguém um alguém contente
E quando o dia não passar de sono vago
Mentira é ser eu sempre estressante

(fazendo_ao_menos_o_que_se_pode
(começando_ao_menos_pelo_que_se_tem
(tentando_ao_menos_com_o_que_me_alcança
(deixando_ao_menos_algum_bem_àlguem)

03 agosto 2007

felicidade_anti-clichê


Bizarros seríamos se seguíssemos o mundo
Vivamos tão livres quanto cães que bebem água na sarjeta
E saiamos a gritar poesias eróticas no auto-falante dos supermercados
Corramos na chuva com os casacos dos avós paternos
Gritemos aos pedestres pedintes as mais estranhas e doces palavras
Matemos o tédio com gafes enfadonhas
Saiamos de fininho nos jantares mais protocolados
Chutemos a canela dos chatos e emburremos a cara pra comida ruim
Xinguemos os vizinhos e seus gatos fedorentos
Façam os mais bebês em elevadores
Fabriquemos mais risadas sórdidas em lúgubres velórios de desconhecidos
Arrotemos mais alto que das ultimas vezes
Flatulemos mais pra culparmos os outros
E cantemos alto pra atingir as tristezas alheias
Bizarros seríamos se seguíssemos o mundo
Andemos na contra-mão

balada_pralguém

Eu vôo,
Me faz amar
Ame o que em mim for banal e o que me faz chorar
Pra que tudo que eu falo venha me abalar
Eu corro,
Ande ao meu lado quando não mais te querer
Ame a mim e ao que te faz adormecer
Eu choro,
Cante quando a minha música ainda não se acabar
Ame tudo, ame nada daquilo que me fez chorar
Me cuide, eu volto,
Sem nunca ter saído de nenhum lugar
Quando tudo que nos mantêm é fazer lembrar
Então quando te abandonar
Eu vôo mais alto e longe pra te encontrar
Pra que um dia sem som-de-fundo
Eu poder te fazer chorar
Pra que tudo que fizemos possa se acabar
Eu ando,
Cometendo erros distantes e sem me julgar
Eu vôo mais alto e longe pra te encontrar
Me ame, me cuide,
Pra que o tempo dos descontentes possa se acabar
E do sorriso mais que contente eu possa enxergar
Eu amo, me move,
Eu vôo, distante...
Eu amo...

meu_panorama_de_um_espaço_da_vida_(vivida,_ou_mesmo_ela_vendida)

Das gotas que caem me restam barulhos
E de fagulhos inertes ao vento, um distúrbio
Me enlouqueço por já não ser tão louco
Me careço de pequenos e antigos disgostos
O tempo se mostra pra mim com sua cara aberta
E me translúcida a têmpora ao longo de minha jornada discreta
Me reponho com tracejos formados de restos
Disponho de instantes para conhecer meus rostos velhos
Conheço-me hermeticamente a cada segundo
E esqueço de tudo o que eu vi, nos infinitos vagos de algum dos meus mundos
Controlo espaços em mim que seriam de afeto
Dispenso notórias noções reprisadas nos caminhos menos aceitos
Eu teço maneiras de me tornar mais épico e menos humano
E conheço as faces doloridas e concretas envolventes de enganos
Ao que estando em meu rumo julgado ser o mais certo
Percebo e tropeço nos meus natos e aspirados desgostos
Decisões de me tornar menos aparente e um pouco mais discreto
Findo antigos e começo caminhos púberes, sendo eles em janeiro, ou agosto...

soneto_do_encaixe_dos_versos_sem_lados


Do retorno que me remonta a lembranças
Essas cruas palavras que vejo ser e conheço
As divinas comédias vividas e amarguradas
Os finais prematuros e meus novos começos

Parei sem saber o que seria realmente melhor
E me julguei sem dizer, se não fosse seria pior
É que o que me induz eu ainda não sei
No momento em que vi, careci e parei...

Quando o que eu não quero dizer me toma a vontade
E quando a vontade de dizer me devolve essas tortas anedotas
É que minhas palavras nascem e vão sem nenhuma impulsão

A balada ou soneto querido, me saem como não quero
Enfadonhos e tão tediosos se tornam meus versos
E quando até espaço já me falta... Eu paro.

soneto_do_eu_de_mim


É no meio da minha procura que eu me acho
As várias visões dos versos e lados do mesmo
Tantos, poucos, de mim... vós, ou nenhum
São lentos e distantes quando me invadem de medo

Minha existência se explica por formas distantes
Meus sustentamentos desfragmentalizam vagos instantes
E os que me fazem notório, são em forma de espaço
Curam-me, por si explicam-se e se formam pra que eu seja ainda mais aleatório

Considerações infames, lentidões moralmente aplicadas
Minhas concomitâncias me invadem e confrontam com a de muitos
Metáforas vividas pra que tudo não se torne ainda mais banal

Minha vida se invade de outras considerações
A minha existência se explica em minhas aspirações
E o que antes em minha era sonho... hoje tem mais explicações

e_assim

E assim seremos
Seremos os livros
Livros de capas duras
Tranqüilos de sonho e crua
Seremos herméticos
Herméticos de corpo e alma
Seremos apáticos
Apáticos em todas as horas
Seremos límpidos
Límpidos num só pensamento
Seremos único
Único em pensamento

E assim viveremos
Cabeças erguidas
E os braços abertos
Como águias fervilhas
Ilícitos, discretos
Com sonhos carentes
E olhos dispersos
Sem destino ou caminho
Sem dor ou despeito

E assim saberemos
Saberemos saber
Saber sem temermos
Saberemos viver
Viver em contratempos
Saberemos amar
Amar com sentimento
Saberemos fazer
Fazer com fechamentos

E assim viveremos
E assim saberemos
E assim seremos
E assim morreremos

29 junho 2007

decadência_(o_dia_que_eu_deixei_minha_prova_em_branco)

Batizado em água limpa sem nunca mais voltar à igreja, hoje eu escrevo pelo motivo de ser a única coisa que me resta saber fazer direito.
Sinto-me como se fosse o ultimo a ser comprado, que no qual nunca fora vendido. O que foi para a ponta de estoque, aquele que já foi, e hoje não é mais querido.
Acho-me sentado em uma mesa, de frente pra uma prova em branco, a primeira que com meu muito espanto, nada dela soube fazer.
Vejo-me fazendo coisas nunca pensadas, ouvindo questões quase a ponta de facas, rabiscando confissões eternas em dunas de areia, lendo para os outros meus segredos nunca publicados, contando os contos de sereias longe de suas praias.
Escrevo por não conseguir manter minha imagem a foco, por não resistir às quedas de meus próprios destroços, por estar mantido pela energia de um futuro utópico, de um solstício apático.
Escrevo por estar íntimo de erros meus, de meus contentos, escrevo por estar no centro da minha própria decadência.

24 junho 2007

pra_ser_franco_(mulher)


Há quem diga que para se dominar o mundo um cérebro e uma vagina são absolutamente suficientes, essas pequenas e tão perspicazes criaturas são mais capazes do que qualquer um poderia imaginar, tentar ou fazer!
A começar pelo poder sobre os homens. Homens, essas criaturas que desfilam imponência e audácia e que se tornam tão obsoletos diante de uma mulher!
Mulheres! Que além de parirem os filhos, fizeram nascer também a elegância, a vaidade e o poder! Fazem nascer poder, nasceram dele! Existem as que estimulam, as que brigam, as que chutam, as que fazem, que se mostram e as que dão.
Dão conselhos, beijos, dão apoio, e dão aquilo também!
Mulheres das quais inspiram poemas, e mulheres que aspiram problemas, mulheres que fogem, que se mostram, mulheres que lutam, que se comportam, mulheres que nutrem, mulheres que transam, mulheres que sabem, mulheres que aprontam.
Mulheres que colocam muitos homens numa fria, que os tiram dela, e mulheres que colocam um homem nas mais quentes, que de tão quentes nem vêm ao caso.
Mulheres que se abraçam, e que se beijam, sem preconceito, mulher de todo jeito. Mulheres, capazes de levantar qualquer homem, levantar o ânimo, o astral, levantar o...
Mulheres carentes, apaixonadas e escandalosas, estudiosas e delicadas, mulheres que gostam de rosas, mulheres que suam, que ganham, mulheres que clamam, mulheres que apanham.

sem_cerimônia

Ele puxa de um lado, e ela grita, realmente ela está nervosa, já que nunca fizera isso antes, claro, ela tinha algum conceito em relação a isso, já pensava como seria, e ficava nervosa.E ele a virava, mais uma vez a puxava, aquilo era estranho, dava muito mais trabalho do que era imaginado, ele começa a se atrapalhar, afinal, não tinha muito tempo, então era melhor correr e terminar aquilo logo.
Ela vivia sonhando com aquele dia, pensava que seria tudo perfeito, e não estava tão ruim assim, porém doía mais do que ela imaginava.
Agora ela estava indo de um lado para o outro com os solavancos e puxões que ele dava. Ela começara a transpirar mais que o normal, seus batimentos começaram a se acelerar, ela sentia que ele também suava muito, estava ofegante, puxando-a, e ela gritando. O ritmo foi ficando mais frenético, cada vez mais, agora já não doía mais como antes, ela experimentava agora uma sensação muito boa, que só aumentava enquanto ele ia de um lado para o outro, seus batimentos agora mais do que nunca estavam acelerados, seu corpo agora estava extasiado com a onda de emoção que percorria-lhe o corpo, que agora já estava bem suado, e sentiu seu coração se encher de alegria, enquanto ele dizia:
- Ficou um arraso! Mas também com um cabeleireiro desse! Agora vamos rápido que agente ainda tem que fazer a maquiagem e colocar o vestido, que já ta quase na hora do casamento!

imagem_poética_I_(mulher)_dois_fragmentos

Das que se pintam às que se escondem,
Dessas muitas ou de uma apenas,
Das maiores às pequeninas, que de tão astutas são gigantes,
Mulheres,
Mulher,
Um bicho que sangra mensalmente, que não se imita,
Que não se inibe,
Mulher que exibe peitos, caras, bocas,
Mulher das mais singelas, serenas e tolas,
Mulheres que são da vida, mulheres que enfrentam a morte,
Mulheres das quais se orgulham,
Mulheres que não têm sorte.
(real_à_controverso)

eu digo, com toda certeza
que elas sabem o q fazem,
realmente sabem o que querem,
e têm consciência de que podem.

elas traçam seus trajetos,
tornando-os seus caminhos,
planejando suas vitórias,
preparando pra que um dia...

possam sonhar, e que, mais que tudo,
possam viver seus sonhos,
mais sonhados que vividos,
e um dia poder, além do mais,
sonhar seus sonhos, e
vê-los um dia, desfazerem-se
ou tornarem realidade
(do_saber_ao_só_viver)

21 junho 2007

dor_(e_o_fim_de_toda_uma_imensidão)

E meu coração dói
Dói como em compasso e ritmo perdidos
Decompões-se em instantes desprendidos
Dói como serenos, ausentes, destemidos
Como recados de um em toda a multidão
Meu coração dói por razões determinadas
E em todas as minhas ações tão impensadas
Meu peito se explode sem nem se mexer
Meu coração pára sem nunca mais se mover
Num pouco instante depois sinto-o morrer
E de meu infinito daí prende-se em se perder
E meu coração já frio decompõe-se ao amanhecer

busca_(três_estrofes_de_um_mesmo_verso)

Tento alcançar proporções inatingíveis
Já fiz mil maneiras de ser um só
Em muitas me arrependi de ser só um
Caminhei pra ficar no mesmo lugar

Olhei discretamente pra que fosse visto
Disse muito não, querendo dizer sim
Consegui façanhas nunca almejadas
Muito e nada fiz pra ser sempre eu, assim

Detestei pessoas feitas pra ganhar amor
Esperei por amar quem nunca nem pude escutar
Quis trilhar veredas sem usar minhas pernas
Já consegui amores, hoje estou a procurar

15 junho 2007

soneto_aos_desenhos_da_rute

Pretensiosos arranjos desprendidos e enérgicos
Contaminam os olhos de uma magia de tão doce e pura alegria
Infantilizadas nas mãos de quem já passou da infância
E muito absortas de um universo solto e de muita magia

Os olhos se prendem em constantes movimentos analíticos
Envolvem num conciso e um paradoxo infinito
Os dogmas de coisas findas que terminam e não se acabam
Em pontos isolados, todos juntos, indecisos

Formas de leves à agudas precisões
Terminam e começam onde não e nunca repõe
E ficam eternas, por entre feitas e não existentes incisões

Eólicas e tempestuosas contraposições
Contadas do que vistas e imaginadas virando invenções
E desvalecem-se, gravando-as e ressurgindo, são tão leves invenções...

10 junho 2007

_luiza_

esconde as minhas veias
chama, que do teu carinho quero me compor
andando os dias, contando estimas
cantando rimas, compondo num país de pétalas a teu favor

vem, me deixa livre, completa os discos
que da tua música quero eu me fazer
prende em teu límpido e amargo céu os meus carinhos
e as minhas vidas se decompondo em teu lento leito de fervor

desfaz meus dias, compõe minhas sinas
destrói as siglas que nos prende então...
me associa, e me derrama, como uma lágrima sem ascensão
me desespera, nos aproxima, e nos separa, a pele a alma

vai, se desintegra, refaz teus dias
sem tua calma e sem o meu pesar
anda, receba as flores... sem suas pétalas
caminha e siga, sem olhar atrás, Luiza...

07 junho 2007

elemento

é de uma beleza simples e rara
como as puras e domadas notas
do dedilhar ao nascer da canção
de um doce e sereno pesar
do orvalho nas flores ao chão
é de um leve e tão pesaroso encontrar
da marca que se deixa e nunca esqueceu
da leveza do rascunho de um desenho
é parte das tantas alegrias que tenho
do sorriso que se vê e cativa
a beleza do astro quando em seu apogeu
é do singelo ver do pôr-do-sol
e a alegria de tê-lo visto todo dia
como os leves toques das folhas ao chão
em um outono fora da sua estação
é um olhar e um verdadeiro sopro
que invadindo e se tomando de sonhos
e de desenhos que passam de rabisco à arte
das notas soltas que viram canção
é o pôr-do-sol que vem seguido da lua
o fim do inverno e a espera do verão
é um enfoque que me mostra elementos
da simbologia envolta ao coração
é da tarde, neblina, é o vento
é desenho, uma doce e bonita canção.


(à_pedido
(e_à_rigor,
(beleza,_simpatia_e_simplicidade,
(elementos_que_fundidos_tornam-se
(de forma_tão_delicada_uma_pessoa_tão_linda,
(corrido,_mas_feito_com_carinho
(à_carol)

06 junho 2007

um_dia_de_todos_os_dias_

se os meus dias poucos fundem-se em completo
apático fico, louco, um pouco inverso
se meus sonhos se tornam confusos enquanto os teço
atônito morro, e nasço... amanheço cantando.

fragmento

Ora, minha apatia não me vangloria,
Apenas atinge a quem me alcançaria.
Cataclísmicas arestas que transpõe meu ego,
Demonstram os hífens que ligam meus elos.
De alguma forma o elo nasce e põe,
De forma alguma o elo se opõe.
(descrição)

(quando coloco fragmento,
(como as vezes sempre aparece um ou outro poema curto com esse nome,
(refiro-me à fragmento de alguns pensamentos que eu consigo transformar
(em palavras, pra que possam ou naum ser entendidos)

04 junho 2007

atrás

de meu pesar e de tantas mentiras
da farsa que um dia eu jurei não viver
de o amor que eu jurei nunca ter
das frases que nunca julguei que ia dizer
e de tombos dos quais já sabia que iam ocorrer

secretas cantigas embalam minhas rubras caminhadas
que mesmo sendo curtas, os sons me cortam as veias
me fazem esquecer do dia em que eu não soube o que queria
me sopram insondáveis partes que eu ainda não permitia
me moldavam como quisessem que eu seria

das fogueiras que eu imaginei e nunca existiram
dos lugares cheios de rostos vazios que eu procurei sozinho
de tantas palavras que eu busquei e em poucas encontrei abrigo
dos dias quentes que se aproximavam e passavam tardios
e de outros dias cheios de um imenso e cru vazio

fiquei atento procurando flores sem ter primavera
ouvindo os sons que um surdo em minha ouvia
almejando ver o que minha retina não podia
tentando terminar palavras que eu nunca tivera
correndo pra parar enquanto ainda me atrevia

sendo que tantas coisas por mim foram feitas
das quais são poucas as que verdadeiras
me fizeram acreditar que uma dia valeria a pena
forçar os olhos para ver o que eu não podia
e ir por um caminho novo e pleno a cada dia

03 junho 2007

odisséia_esmezurada


De enfadonhos que tornaram-se Fulano, Ciclano e Beltrano, por um orgulho de torno turvo e de um final não tão animado.
Era Fulano no seu lugar, que em circunstancias nem por ele executadas (e nem conscientes e almejadas) ali estava, e estava num querer bem querendo Ciclano, num querer de todo solitário e muito unilateral, já que Ciclano na verdade, (e bem verdade) queria era Beltrano, que... Então voltando voltando-se à dada seqüência da torpe e verdadeira história...
Ciclano estando em seu lugar, veio ter-lhe Fulano, que lhe queria, Ciclano não querendo Fulano e sim querendo Beltrano, dispensa o Fulano para haver-se com Beltrano, e de todo esse haver-se e dispensar-se, na confusão dessa devassa história Beltrano encontra-se em cena gora...
Beltrano agora em seu lugar, querido por Ciclano (que é querido por Fulano) num derradeiro e solitário cantarolar vê-se querendo (muito e querendo muito) o nosso dado Fulano, que por sinal, acaso ou por descuido, mostra-se querendo nosso querido Ciclano, que numa tristeza esmezurada, não é querido por Beltrano (a quem quer tão bem, assim estão estando).
Num soberbo desfechar de tão controverso conto, há de se haver resposta pra tão desdomada e curva história, de tão mal-grado que foi narrada, que nem mais o autor a comemora.
A Quadrilha de um Mestre imitada, a que roubada de outras fontes e então relacionada à peripécia de três jovens que é contada, que mesmo sem ou com final vazio, fica assim mesmo terminada.

02 junho 2007

maria_(de_retoques_à_falta_de_sorte)

Das faxinas de retoques e tristezas, Maria agora não levará de muito o nada, tem-se visto em estado de acudida, daí que pôs-se a pensar em sua vida.
Nascia a pobre menina pelada, careca e toda desdentada, completamente entontecida e estropiada, ganhava o mundo mais uma das suas pequenas, que no correr dos tempos passaria de menina à mulher calada.
Brincava Maria entre seus afazeres, já pequena tinha o seu atribuído, ajudar a mãe, auxiliar na comida dos meninos, na roupa que tinha de ser lavada, e na comida que tinha de ser servida.
Crescia Maria em sua terra pobre, sem pão, nem roupa para que lhe caísse bem ou ao menos pra que lhe servisse, seguia Maria num sofrimento amargurado, com seu angu queimado e seu tocinho gordo... Crescia Maria sonhadora, sem estudo e sem nenhuma instrução, crescia a menina que o mundo um dia diria não.
Maria de falar ligeiro, Maria de nada perfumada, de um sonho que vira pesadelo, Maria viu-se indo para a grande cidade. Ela ainda uma menina moça, ele o patrão, dono da casa. Num instante e de um vacilo ligeiro, Maria então engravidara.
Retirada da casa e sem ter nenhum dinheiro, Maria expulsa de seu ventre o filho avulso, e segue a vida casta e sem recursos, por um caminho curvo e sem tributos.
Maria vira faxineira, prostituta e uma faz-tudo, trabalha dia e noite, sem ter ao menos um motivo, nem sequer um objetivo. Passados os tempos dos duros e nada animados anos, Maria encontra um companheiro, que é servente de pedreiro, proprietário de um barraco na encosta do morro, Maria continua então no seu caminho torto.
Maria que gosta de novela das oito, Maria, que em toda sua vida, pencada de anos, nunca leu um livro, Maria que trabalha e acorda cedo, Maria, de uma história mais que comum, de novelas, da falta de livros, da vida sofrida e de segredos para os filhos.
Maria que vê o jornal nacional, Maria que toma coca-cola, Maria de retoques de costuras, Maria das faxinas obrigadas.
O mundo não de se deu com Maria. Agora da sua partida o mundo se encarrega, de uma vida que não teve muita sorte, agora o que aguarda Maria é o presente da vida... a morte.

01 junho 2007

canções_sem_som_(____)

meus olhos dilatados refletem o que eu não posso ver
mãos atadas em soltas cordas destinam o futuro meu
razões agora, abandonadas nas capas dos livros
minhas lágrimas não molham mais o q que eu procuro
faço cançoes sem som
almas que se fundem sem nenhum motivo
palavras ficam soltas sem motivo algum
faço dança, sem seus movimentos
fabrico almas sem seus corações
letras, minhas, ásperas, imparciais
são culinárias, sem seus condimentos
é corpo, um dom, vestido com a nudez
incompleto,
faço canções sem som algum.

31 maio 2007

petit_(_petí_)

são dos olhos que me conquistaram
em plenos sonhos que me contagiam
enérgico,
de beijos roubados, e cenas vividas
instantes gravados,
palavras esquecidas, de outras palavras
agora escritas
são minhas promessas
cruas, são lépidas, são suas
as minhas transparentes, quase nuas
são minhas, tão suas
do avesso, restolho de versos
que pego de soltos, abatidos e poucos
é você, e sinal, são meus pensamentos
são minhas promessas
do cozer de meus sentimentos
são fusões entre o meu
e a razão vem do seu, então meu
do modificar, é meu lugar
da singela vontade de ao teu lado estar
são promessas, não só minhas
nem tão suas, ainda mais cruas
que do meu pensamento
de promessas poucas e armadilhas soltas
são sondagens ocas, vem me afugentar
afagos simples, são gestos soltos
ao que eu sinto, a vontade
serena dor da indução
ao que espero, o estender
alado e tão sincero, da sua mão.

29 abril 2007

pensando_em_alguém

enquanto você está lendo isso
lembre-se que tem alguém
pensando em você.
e enquanto você pensa
que pensam em você,
você com certeza pensa em alguém.
e enquanto você pensa
em alguém, esse
alguém pensa em outra pessoa.
só que essa outra
pessoa também está
pensando em outra
pessoa.
mas não se importe,
o melhor da vida
é saber que agora
concerteza, tem alguém
pensando em você.
mesmo quando você não
pensa em ninguém.

28 abril 2007

as_negligências_atuais

cuidado,
mantenha a porta fechada, então
cuidado,
trave as grades da janela, e fique
esperto,
senão o tiro acerta, então
cuidado,
não fale com nenhum estranho.
Cuidado,
com os cotovelos da mesa, retire
o boné para comer, então
cuidado,
mantenha a educação.
decifre,
o que é indecifrável, e lute
pra parecer natural
adapte,
ao biótipo dos outros, e ouça
o que querem fazer ouvir.
se iluda,
com todos os deputados, não faça
o que você quer fazer.
aplique,
tudo que aprendeu na escola, e
se irrite,
com todos originais.
imite,
a roupa que tá na moda, e
compre,
o que parece legal.
cuidado,
não como de boca aberta.
cuidado,
traindo que se descobre.
descole,
amor hoje não existe.
acerte,
oportunismo é o maior.
cuidado,
malhe pra ficar sarado, danado!
pegue um bom bronzeado.
cuidado,
senão excluem você, por isso
saia,
pros lugares mais transados, e
transe,
o mais cedo que puder.
dê bola,
pra mulherada na rua, e
sente,
com as pernas bem mais abertas.
não se acanhe,
dê entrevista pro jornal.
abaixe,
a calça e mostre a cueca, e
compre,
todas revistas pornôs.
cuidado,
vá pra balada de noite.
cuidado,
de noite é que o ladrão sai.
odeie,
os pobres e os favelados.
desista
enquanto ainda é tempo, porque
hoje,
não se pode nada.
cuidado!
senão vão pegar você,
cuidado! ... cuidado ...

dos_tempos

cada segundo é como um passo
cada degrau é como um tempo
cada silêncio é um presente
que a vida guarda a entregá-lo

catando os passos vou vivendo
contando os tempos e teus
pecados. Segundos passam,
os dias viram, desviram tempos
todos preocupam, com seus estados

epicamente o tempo corre
e sua importância dissolvendo
nascem uns e, como alguns morrem
vivendo a vida eu vou vivendo

o tempo muda, o tempo passa
o penso muda como uma estrada
evoluindo, o mundo gira
sinais girando, o que não finda

andando em frente, compreendendo
e os velhos mundos, que vão
morrendo. E mesmo assim, o
tudo passa, como um minuto
que não para

26 abril 2007

um_segredo

está segredado, nos confins das disformes fases
está segredado,
são somáticas, ávidas, das nossas peculiaridades
e está segredado.
nossas arestas, e mesmo as divergências,
analogias de situações, torpes controvérsias,
continuando segredado.
está num doce desentendimento, ou
nos enfadonhos e trôpegos silêncios,
mostra-se nos mais forçados sorrisos,
nas trêmulas palavras de um diálogo
importantes, ausentes e astutas. segredos...
insinuando-se segredadamente.
está nas despedidas, nas últimas chegadas,
nas recentes chamadas, está tenro,
está solto, está dentro, está estando,
está segredado,
conta de conversas, consta em nossas testas
em toques ou na falta deles,
está em nossos dias,
em tudo que vivemos,
está segredado, um segredo nosso,
está segredado...

_________________________________
(seria_fácil_falar
(de_uma_pessoa_qualquer
(como_não_é_dessa_pessoa
(que_eu_tô_falando
(complica_um_poko_,_
(transpassando_essa_complicação
(pro_texto.
(complicado_,_mas_todo_seu
(à_sol)

_________________________________

18 abril 2007

como_vivo

Tristeza é cisma
Da que facina
Encanta o ego
E o determina

Amor é rima
Conversa é prosa
Canção purina
Cheiro de rosa

O céu é o tom
Mar o espelho
O som tão bom
Quente, vermelho

Problema é som
Poesia é gesto
E assim termino
Meu manifesto.

17 abril 2007

o_ainda_que_se_foi

o cheiro de dentro dos livros
guardados naquela estante
acendiam o desejo arduamente
guardado naquela memória

o instante do mágico momento
retundantemente visto
revisto, revistado aglomerado
ainda volta naquela mente

e quando "a real" volta, os rios
novamente se cruzam, as folhas
novamente caem, saem, as gotas
novamente pingam,

os livros, os cheiros, desenhos
memórias, momentos, mente,
caem, saem, pingam
findam-se, as canções do ser

15 abril 2007

insígnia

(sinônimo_de_um_vazio
(a_pouco_completado
(à_quem_me_faz_sentir_bem
(à_quem_me_deixa_sem
(nada_pensar_
(amiga_amor_luiza)


somos nomes, corpos
folhas que cortam
sopros que invadem janelas
dias que passam nublados
somos verbo

eu sou a insígnia
de alguma existência
que sente compreender
por não ter sido compreendido
sou o afago que se revela
sou o contato que não sustenta

você, agora, é minha poesia
e eu seu ameno pra sempre
que a propósito, ainda não existe
mas que já se acaba
sendo sempre, e assim...

seria simples e trôpego
meus vícios e teus gestos
ficaria eternamente findo
teus acordes e meus versos
como num pra sempre recomeçar
meu caminho e teus passos
seria simples

incógnitas que revelam meus segredos
eu sou a infância que esconde o preparo dos erros

no entanto, agora
somos mais que verbos
somos solo, somos fértil
viramos enigma de nós mesmos
somos essência

porque pra sempre
seria sempre assim
um dia escuro
num profundo silêncio
desse grande vazio
dentro de mim

Suplício_à_rima

Das rimas que me faltam nada mais me resta
De tudo que eu já vi e agora não me espanta
Das cores que eu pensei e agora são tão negras
Do escuro e do vazio dentro desse instante
Tantas foram as palavras ditas
Poucas as ações sofridas
De palavras que agora me restam
Poucas, torpes e sem rimas.

fragmento_sois_dois

Eu queria só mais um minuto
E num minuto nada me faltaria
De os detalhes e de os instantes
E da cor tórrida que ostentaria
Enegrecidos tons já ofuscantes
E da cortina que se fecharia
(De Um Ultimo Instante, O Fim)

Meu espelho não mais é o mesmo
Não mais aparenta minhas faces
Não mais me confia
Não me põe risos nem me entristece
Nem mais reflete o que eu queria
(Anomalias de Um Dia Comum)

sonteto_do_almejo_e_da_cura

Desejo que transpassa a loucura
Como um toque ainda não surgido
Uma palavra até então não dita
A revolta em cena aparecida

Da espera que não se consuma
Ao que não me influi, nada mal
Faz-me ser o que não tinha sido
Depois retornando, como em carnaval

Tendo a primavera ainda não chegada
Todo meu desejo, e toda minha cura
Propiciando a cria da minha loucura

Do desejo à minha espera
E de todo vento frio
Dessa nobre e almejada primavera

14 abril 2007

todas_as_coisas_de_todos_os_mundos

Dentre as cores desse mundo apático
E as arestas dos sonhos perfeitos
Encontra-se a mais bela das farsas
Das idéias de contos desfeitos

E como os dias me parecem longos
E as noites não passam e não se desfecham
As idéias vão e se retornam fracas
Pelas forças e os lados negros

Como o mundo se tranca e protege
Os tesouros de nenhum valor
O que me resta são os versos
Tênros, que me acolhem em todo seu calor.

e_as_portas

E foi aí que aquela porta se abriu
e nesse aí, que alguém me viu
E num esforço memorável
E me pediu, e então saiu.

E então aquela porta fechou
E aquele alguém eu nunca mais vi
E quando eu dei por conta de mim.
E então pensei que o mundo acabou.

E passou o dia e noite virou
E quase o outro dia raiou
E certo que eu então percebi
É uma desilusão que vivi.

E então tratei de viver outra vez
E nem me importei, nem me liguei
E os dias passaram, eu sei
E toda essa dor eu curei

E quando destraído eu estava
E num segundo me liguei
E a porta se fechou de novo
E o tempo passou, e eu curei.

13 abril 2007

intermináveis segundos_crônica

ela se afastava apreensiva, tentava não ultrapassar suas
expectativas, nem tirar conclusões precipitadas. ela tentava.
agora ela corria, apesar de que sentia-se tão estável como
uma rocha, aos que a viam, era uma mulher comum, parada, "será?"
ela pensava.
seria ela mesma se não estivesse ali, olhando, mas... ela
estava? não estivera correndo? afastando-se?
mantivera-se pensando... ou não? parecia tudo agora muito
confuso, suas partes de antes, que de tão estáveis harmonizavam-na,
agora oscilavam como papéis sob o efeito do vento, embaralhando-a.
tudo muito confuso, demasiado confuso.
dúvidas surgiam, inundavam-na, deveria?... não deveria?
tratou de optar por se aquietar, reavaliando-a.
acabou percebendo que tudo aquilo não passara de um mísero
segundo tedioso no qual passara em frente a vitrine da confeitaria.
ela entrou, e não resistiu, comprou o doce. quebrou o
regime.

12 abril 2007

memórias, histórias...


das singelas palavras que se costuram
às memórias torpes de casos vividos
no qual aplico-lhes enredos trôpegos
tornando-os menos amenos e mais bonitos

apego-me enquanto os construo
sabendo, aliás, aplicar parcimônia
inspiro-me e invento e levanto contornos
e depois que os completo, findam em abandono

afeto-me aos que os lêem e gostam
e espero enquanto não vem o próximo
então lembro-me de mais uma torpe história
e ponho-me a aplicar-lhe um enredo
para que o tempo não me aplique demora.