25 agosto 2009

[palavras dirigidas para mulheres que não são de 80 (que já foram cor-de-rosa e hoje são de todas as cores)]

Uma caneca de café, um cigarro. Agora acho que ainda falta muita coisa pra acontecer, só não sei dizer nem um décimo disso que poderá, ou não me afastar ou delirar desses sentidos todos que uma frase pode fazer, me senti sozinho quando passei uns dois dias fora de casa, quando voltei foi a mesma solidão em mim.

Um livro que dá preguiça, uma música. Ainda não sei dizer o quanto do mundo eu gosto, e já sempre soube que da vida é o que de bom grado me ensina a cada dia que eu acordo ainda sem ver o sol que cada segundo lento ou maios vazio pode se encontrar encanto. Fantasia não é querer demais, é só pensar de menos.

Uma dose de vodka, um violão. Mexer naquilo que me faz mal não é só testar-se como um pedaço daquilo que detesta. Talvez pra mim seja mais corriqueiro do que tomar o café, que a pouco eu odiava, e fumar o cigarro que até então não entendia. Os livros estão ficando cada vez mais preguiçosos de mim, não consigo começar, quando começo não termino. Tentei achar nas letras coisas que não são vivas, achei foi movimento, numa gota de sangue dentro mim.

Um corpo suado, um travesseiro. E no que procurar respostas implica em lamentos futuros, achar perguntas implica em saber o que vem depois. Escolher palavras e rimar, achar perdões e mais sinas, alegrar o dia dos outros, e fazer do seu, cada vez mais um estorvo. Libido é fonte com mesmo gosto que abastece o rio, achar no corpo quente o toque ainda frio.

Um pincel, um guarda-sol. Esconder do dia é coisa que ainda sinto, queria não estar lá fora, e não estou. A tela que eu vejo às vezes ,me dá medo, me dá gosto ,dá surdina, dá arrepios na canela, noções que sobem ao pescoço. A tinta caiu no chão, sujou, minha mãe brigou comigo... não brigou que nunca fui de pintar em casa. A tinta que escorre e seca, não volta pra tela.

Um prato, uma caneta. Faço regimes constantemente, não duram mais que um dia, tornam a existir no outro. Acho que mereço comer, acho que nunca posso, acabo estragando as dietas, e como de encanto. A comida é o detalhe que enche, no dia que é quase uma prova.

Uns objetos comuns, um relógio. O tempo é fase que vai, querendo mostrar-se de outrora, e volta, querendo fazer-me oratória. E acabo sendo sempre aquilo que muda no ponteiro, mesmo não sendo direito, mesmo não sendo distante, mesmo não sendo por inteiro.

01 agosto 2009

[rastro][#5]





[rastro][#4]













06 maio 2009

[de_tempo]

não me peça pra lhe dar tempo
quando o tempo a todo o tempo
dura o tempo que tem que durar
nem me diga coisas de querência
quando o dia é todo cor
e a dobra do encontro faz só descansar
e não me impeça de me achar um bobo
de às vezes me embolar todo
dobrando no vento que vem dispersar
não espere muitas palavras boas
nem minhas frases feitas
profusões sonantes
coisas de esperar
só me peça um tempo bom
a cor, o vento, o bobo,
a dobra de um sorvete tolo
e um dia pra se acabar
só não me peça pra lhe dar tempo
quando o tempo a todo o tempo
sempre insiste em não passar

17 janeiro 2009

[rastro][#3]







10 janeiro 2009

[decadência]



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[salve_a_arte]

looking for the main ideas

ela talvez não se depara agora com o que se forma,
o dia, a forma, a cor, a dobra, a norma, a caça, o que informa
e o parecer do dia encontra-se no verso mais contente
do paradigma indefeso que se apronta lento e solitariamente

é ilusão a poça fraca que reflete em instantâneo
a praga inversa de um dia bom vivido intensamente
apaga o rosto, espelho, dorso, armário, o quanto o sexto o quarto
escuro é o que resta quando o dia já não é mais claro

04 janeiro 2009

[rastro][#2]










simples de rimar

valor disforme, coisa boa de notar
cabou rastando sem beira
sentou, danou me falar
levou de mim palavras boas
me trouxe o que é bom de escutar
e me conta contar dele
e ser eu mais simples de falar
mas ele é filme antigo
quando roda, faz a tela tremular
rapaz que cabe no tanto de homem que lhe escapa
homem dentro do esboço do rapaz que não disfarça
rastado vem sorrindo, me convém, já que o filme vai começar...

01 janeiro 2009

[rastro][#1]