29 junho 2007

decadência_(o_dia_que_eu_deixei_minha_prova_em_branco)

Batizado em água limpa sem nunca mais voltar à igreja, hoje eu escrevo pelo motivo de ser a única coisa que me resta saber fazer direito.
Sinto-me como se fosse o ultimo a ser comprado, que no qual nunca fora vendido. O que foi para a ponta de estoque, aquele que já foi, e hoje não é mais querido.
Acho-me sentado em uma mesa, de frente pra uma prova em branco, a primeira que com meu muito espanto, nada dela soube fazer.
Vejo-me fazendo coisas nunca pensadas, ouvindo questões quase a ponta de facas, rabiscando confissões eternas em dunas de areia, lendo para os outros meus segredos nunca publicados, contando os contos de sereias longe de suas praias.
Escrevo por não conseguir manter minha imagem a foco, por não resistir às quedas de meus próprios destroços, por estar mantido pela energia de um futuro utópico, de um solstício apático.
Escrevo por estar íntimo de erros meus, de meus contentos, escrevo por estar no centro da minha própria decadência.