03 agosto 2007

felicidade_anti-clichê


Bizarros seríamos se seguíssemos o mundo
Vivamos tão livres quanto cães que bebem água na sarjeta
E saiamos a gritar poesias eróticas no auto-falante dos supermercados
Corramos na chuva com os casacos dos avós paternos
Gritemos aos pedestres pedintes as mais estranhas e doces palavras
Matemos o tédio com gafes enfadonhas
Saiamos de fininho nos jantares mais protocolados
Chutemos a canela dos chatos e emburremos a cara pra comida ruim
Xinguemos os vizinhos e seus gatos fedorentos
Façam os mais bebês em elevadores
Fabriquemos mais risadas sórdidas em lúgubres velórios de desconhecidos
Arrotemos mais alto que das ultimas vezes
Flatulemos mais pra culparmos os outros
E cantemos alto pra atingir as tristezas alheias
Bizarros seríamos se seguíssemos o mundo
Andemos na contra-mão

balada_pralguém

Eu vôo,
Me faz amar
Ame o que em mim for banal e o que me faz chorar
Pra que tudo que eu falo venha me abalar
Eu corro,
Ande ao meu lado quando não mais te querer
Ame a mim e ao que te faz adormecer
Eu choro,
Cante quando a minha música ainda não se acabar
Ame tudo, ame nada daquilo que me fez chorar
Me cuide, eu volto,
Sem nunca ter saído de nenhum lugar
Quando tudo que nos mantêm é fazer lembrar
Então quando te abandonar
Eu vôo mais alto e longe pra te encontrar
Pra que um dia sem som-de-fundo
Eu poder te fazer chorar
Pra que tudo que fizemos possa se acabar
Eu ando,
Cometendo erros distantes e sem me julgar
Eu vôo mais alto e longe pra te encontrar
Me ame, me cuide,
Pra que o tempo dos descontentes possa se acabar
E do sorriso mais que contente eu possa enxergar
Eu amo, me move,
Eu vôo, distante...
Eu amo...

meu_panorama_de_um_espaço_da_vida_(vivida,_ou_mesmo_ela_vendida)

Das gotas que caem me restam barulhos
E de fagulhos inertes ao vento, um distúrbio
Me enlouqueço por já não ser tão louco
Me careço de pequenos e antigos disgostos
O tempo se mostra pra mim com sua cara aberta
E me translúcida a têmpora ao longo de minha jornada discreta
Me reponho com tracejos formados de restos
Disponho de instantes para conhecer meus rostos velhos
Conheço-me hermeticamente a cada segundo
E esqueço de tudo o que eu vi, nos infinitos vagos de algum dos meus mundos
Controlo espaços em mim que seriam de afeto
Dispenso notórias noções reprisadas nos caminhos menos aceitos
Eu teço maneiras de me tornar mais épico e menos humano
E conheço as faces doloridas e concretas envolventes de enganos
Ao que estando em meu rumo julgado ser o mais certo
Percebo e tropeço nos meus natos e aspirados desgostos
Decisões de me tornar menos aparente e um pouco mais discreto
Findo antigos e começo caminhos púberes, sendo eles em janeiro, ou agosto...

soneto_do_encaixe_dos_versos_sem_lados


Do retorno que me remonta a lembranças
Essas cruas palavras que vejo ser e conheço
As divinas comédias vividas e amarguradas
Os finais prematuros e meus novos começos

Parei sem saber o que seria realmente melhor
E me julguei sem dizer, se não fosse seria pior
É que o que me induz eu ainda não sei
No momento em que vi, careci e parei...

Quando o que eu não quero dizer me toma a vontade
E quando a vontade de dizer me devolve essas tortas anedotas
É que minhas palavras nascem e vão sem nenhuma impulsão

A balada ou soneto querido, me saem como não quero
Enfadonhos e tão tediosos se tornam meus versos
E quando até espaço já me falta... Eu paro.

soneto_do_eu_de_mim


É no meio da minha procura que eu me acho
As várias visões dos versos e lados do mesmo
Tantos, poucos, de mim... vós, ou nenhum
São lentos e distantes quando me invadem de medo

Minha existência se explica por formas distantes
Meus sustentamentos desfragmentalizam vagos instantes
E os que me fazem notório, são em forma de espaço
Curam-me, por si explicam-se e se formam pra que eu seja ainda mais aleatório

Considerações infames, lentidões moralmente aplicadas
Minhas concomitâncias me invadem e confrontam com a de muitos
Metáforas vividas pra que tudo não se torne ainda mais banal

Minha vida se invade de outras considerações
A minha existência se explica em minhas aspirações
E o que antes em minha era sonho... hoje tem mais explicações

e_assim

E assim seremos
Seremos os livros
Livros de capas duras
Tranqüilos de sonho e crua
Seremos herméticos
Herméticos de corpo e alma
Seremos apáticos
Apáticos em todas as horas
Seremos límpidos
Límpidos num só pensamento
Seremos único
Único em pensamento

E assim viveremos
Cabeças erguidas
E os braços abertos
Como águias fervilhas
Ilícitos, discretos
Com sonhos carentes
E olhos dispersos
Sem destino ou caminho
Sem dor ou despeito

E assim saberemos
Saberemos saber
Saber sem temermos
Saberemos viver
Viver em contratempos
Saberemos amar
Amar com sentimento
Saberemos fazer
Fazer com fechamentos

E assim viveremos
E assim saberemos
E assim seremos
E assim morreremos