04 julho 2008

[conto][(cacofonia [aqui] pode)]


E quando o tudo apronta
Sempre há conto e nada conto
E, no entanto tudo estima
Nem sempre há rima
E sempre há tanto
E nada feito e quero tanto,
Eu quero rima

Mas me acostumo a não ter tudo
E sempre apronto, é mais um conto,
É tanto conto, é tanta vida, é tanta estima
E quando o tudo novamente se diverte
E oferece e se despede e não consegue
Se dispor no conto e, no entanto, há entretanto,
Há sobre o tanto, é muito tanto

Tudo inerte me diverte,
Invento um conto e, no entanto,
Há tanto espanto
Eu paro tudo e, no entanto eu digo o conto,
Espirro o conto, cuspo o conto,
Avisto o conto e acabo o conto

E também os mictórios

Azulejos e lavatórios
Dos quais sabem de tanto
Enquanto os dias passam

Podem ser cinco, duas, três
Quantas forem ou quantos quiserem
Esfregam-se entre beijos e língua e mãos
Esfregam-se entre os lavatórios
Embaçam os azulejos
Contorcem-se em sua libido
De sons tão bambos
E de dias tão calmos
A pele, contato, atrito
E são vários, e ao mesmo tempo
E tão diferentes
Inerentes na situação
E são coxas, calafrios
Tantos

E enquanto os dias passam
Mais um tanto ficam sabendo
Azulejos e lavatórios

apenas um

Eram suas cores tortas
Em dores de atormento
Cabia-me de costas
E era tudo em volta
Era tudo envolto nas horas
(as minhas horas, nem tão pontuais)
Eram segredos
Que mesmo tapados pelo motor do mundo
Faziam-me saber de tudo
E não mais eram segredos
E tinha as cores tortas pelas horas
E o lugar que me comportava
Sendo mesmo de costas
Fez-me perceber o segredo
Sujo, ameno e aprontado para festa
E éramos um
Eu, e o mundo
(e as horas)