04 junho 2007

atrás

de meu pesar e de tantas mentiras
da farsa que um dia eu jurei não viver
de o amor que eu jurei nunca ter
das frases que nunca julguei que ia dizer
e de tombos dos quais já sabia que iam ocorrer

secretas cantigas embalam minhas rubras caminhadas
que mesmo sendo curtas, os sons me cortam as veias
me fazem esquecer do dia em que eu não soube o que queria
me sopram insondáveis partes que eu ainda não permitia
me moldavam como quisessem que eu seria

das fogueiras que eu imaginei e nunca existiram
dos lugares cheios de rostos vazios que eu procurei sozinho
de tantas palavras que eu busquei e em poucas encontrei abrigo
dos dias quentes que se aproximavam e passavam tardios
e de outros dias cheios de um imenso e cru vazio

fiquei atento procurando flores sem ter primavera
ouvindo os sons que um surdo em minha ouvia
almejando ver o que minha retina não podia
tentando terminar palavras que eu nunca tivera
correndo pra parar enquanto ainda me atrevia

sendo que tantas coisas por mim foram feitas
das quais são poucas as que verdadeiras
me fizeram acreditar que uma dia valeria a pena
forçar os olhos para ver o que eu não podia
e ir por um caminho novo e pleno a cada dia